sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Os índios hoje.


Quantos indígenas existem no Brasil?
Fontes: Instituto Socioambiental / IBGE - Censo 2000
• Mais de 80 etnias foram extintas;• Na década de 1990, a população indígena cresceu quase seis vezes mais que a população brasileira em geral. Mas, segundo o IBGE, isso não indica necessariamente que os índios estejam vivendo mais e melhor. O aumento pode ter ocorrido por causa da migração de povos de outros países ou pelo fato de os índios, que antes tinham medo ou vergonha de assumir sua etnia, terem passado a valorizá-la;
• A Funai, ao contrário do que diz o censo do IBGE (de onde saíram os dados acima), afirma que há 400 mil indígenas no Brasil. Para Maria Izaura Vieira, que trabalha como enfermeira em tribos de índios e é integrante do Conselho Indigenista Missionário — CIMI —, essa diferença de números pode estar ligada a um problema que ela conheceu no Mato Grosso do Sul (MS): a falta do registro de crianças pela Funai. “Há milhares de seres ‘inexistentes’ naquele estado! Há crianças que não podem freqüentar a escola porque não foram registradas. Só que a Funai tem postos em praticamente todas as aldeias. Até hoje, não consigo entender por que isso acontece”, denuncia.

Faltam terras
No início de 2005, jornais de todo o mundo trouxeram à tona um problema gravíssimo constatado no Mato Grosso do Sul, onde se encontra a segunda maior concentração indígena do país: as crianças guarani-kaiowá da região de Dourados estavam morrendo de fome. Os noticiários seguiram tratando do problema por mais seis meses e, hoje, não tocam mais no assunto. Isso quer dizer que o problema acabou? E como a situação chegou a esse ponto?
“As mortes não acabaram, apenas deixaram de ser do interesse da imprensa”, alerta o professor Antonio Brand, que coordena o Programa Guarani-Kaiowá, da Universidade Católica Dom Bosco, do Mato Grosso do Sul. A desnutrição é uma constante na região e está ligada à falta de terras. O índio precisa de espaço para produzir seu próprio alimento e preservar seus ritos e hábitos, como sempre fez, desde antes da chegada dos europeus.
Maria Izaura, do Cimi, explica que isso acontece porque as terras dos índios estão sendo tomadas por grandes fazendeiros. “No Mato Grosso do Sul, quem manda é a ‘pata do gado’. Estima-se que cada boi tenha para si um mínimo de 3 mil hectares de terra”. E o povo guarani-kaiowá de Dourados concentra 2 mil famílias em apenas 3.500 hectares. Essa tribo tem os maiores índices de desnutrição e mortalidade infantil entre os índios no Brasil. “A invasão das terras começou na época da produção da erva-mate. Depois, veio a pecuária e, agora, nos últimos anos, a soja. Do norte do estado até o Paraguai, só vemos grandes propriedades. Não há terras para os índios e os pequenos produtores rurais. Nunca vi tanta miséria”.
Renato Matos diz que a situação é parecida na região de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Ele, que é um dos líderes da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), conta que, mesmo lá, a terra, embora abundante, nem sempre é fértil o suficiente. “Então, de vez em quando, é preciso fazer um novo roçado, enquanto o terreno antigo descansa, o que pode levar de oito a dez anos”.
Aos 29 anos resolveu trocar o emprego e a vida na cidade pela selva. Orlando Villas-Bôas dedicou grande parte de sua vida à defesa dos povos da selva.
Era o mais velho e último dos irmãos Villas-Bôas - Cláudio, Leonardo e Álvaro. Com Cláudio e Leonardo, Orlando fez o reconhecimento de numerosos acidentes geográficos do Brasil central. Em suas andanças, os irmãos abriram mais de 1.500 quilômetros de picadas na mata virgem, onde surgiram vilas e cidades. Foi indicado duas vezes para o Prêmio Nobel da Paz, com Cláudio, em 1971 e, em 1976, pelo resgate das tribos xinguanas.
Os irmãos lideraram a Expedição Roncador-Xingu, iniciada em 1943 e que depois de 24 anos deixou em seu rastro mais de 40 novas cidades, 19 campos de pouso e o Parque Nacional do Xingu, criado por lei em 1961, com a ajuda do antropólogo Darcy Ribeiro. Na expedição, Orlando, Cláudio, Leonardo e Álvaro mapearam os seus encontros com catorze tribos indígenas, conseguindo permissão tácita para instalar as bases da Fundação Brasil Central. Cuidadosos, eles souberam agir contra ideias militaristas ou contra a ação de especuladores.
Crítico da influência do homem branco, Orlando destacava que 400 anos depois do início da colonização europeia, cada uma das tribos assentadas às margens do Xingu mantinha sua própria cultura e identidade.
Orlando e seus irmãos ajudaram a consolidar o Parque Indígena do Xingu com o apoio do marechal Rondon, de Darci Ribeiro e do sanitaristaNoel Nutels. Orlando chegou, em 1961, a administrar o Parque, onde hoje vivem cerca de cinco mil e quinhentos índios de catorze etnias diferentes.
Publicou catorze livros. Algumas das aventuras da expedição Roncador-Xingu foram contadas em "A marcha para o Oeste", escrito com Cláudio. Já no fim da vida, Orlando começou a escrever uma autobiografia lançada após seu falecimento.
Foi demitido da Funai, órgão que ajudou a criar, em fevereiro de 2000 pelo seu então presidente, Carlos Marés de Souza. A demissão causou revolta da opinião pública e retratação formal do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Morreu aos 88 anos, em 2002, no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, por falência múltipla dos órgãos.

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